Em um retrato nostálgico da vida em São João del-Rei, voltamos à década de 70, onde nas margens da Rua Cristovão Colombo, no bairro Fábricas, um cenário peculiar se desenrolava diariamente. Ali, nas águas calmas do córrego do Lenheiro, as lavadeiras se reuniam para cumprir a árdua tarefa de lavar roupas.
Segundo relatos da época, essa era uma cena comum, onde as lavadeiras, munidas de sabão, escovas e baldes, mergulhavam nas águas ainda não poluídas do córrego para lavar e enxaguar as vestes. Sob o sol escaldante de Minas Gerais, essas mulheres desempenhavam um papel fundamental.
Para muitos, essa prática era mais do que uma simples obrigação; era um momento de encontro e de compartilhamento de histórias e experiências. Enquanto as roupas eram esfregadas e torcidas, as lavadeiras trocavam conversas animadas, criando laços de solidariedade e companheirismo.
No entanto, com o passar dos anos e o avanço da tecnologia, essa tradição foi gradativamente desaparecendo. As máquinas de lavar roupa foram se tornando mais acessíveis, substituindo o trabalho manual das lavadeiras. O córrego do Lenheiro, outrora cenário de atividade laboral e social, passou a ser visto com outros olhos devido à poluição.
Hoje, as margens da “praia” de São João del-Rei guardam apenas as lembranças e os ecos de um tempo que já se foi. Contudo, as histórias e a memória dessas mulheres que, com determinação e vigor, enfrentavam as águas para garantir o bem-estar de suas famílias, permanecem vivas no coração de São João del-Rei.