Emboabas

Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. Servidor da UFSJ, cego há 20 anos, comenta desafios da inclusão em São João del-Rei

Nesta semana em que se celebra o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, em 13 de dezembro, um servidor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), cego há mais de 20 anos após um acidente de trabalho, conversou com a nossa equipe de Jornalismo da Rádio Emboabas.

Alessandro Andrade atua na Assessoria de Comunicação da UFSJ. Ele comenta o que pode ter melhorado na cidade nos últimos anos. “Ao longo desses 20 anos, acredito que melhoramos sim, a passos de formiga, mas estamos melhorando. A sociedade está acostumando mais com pessoas com deficiência visual nas ruas, existia um distanciamento social muito grande. Melhoramos neste sentido, mas podemos melhorar ainda mais em vários aspectos”.

Entre os principais problemas a serem superados, Alessandro cita a dificuldade para se caminhar pelos passeios e calçadas de São João del-Rei e a falta de cursos com recursos adaptados para os cegos na cidade.

“Essa parte da locomoção nas ruas, calçadas e ônibus isso está deixando muito a desejar. Hoje eu trabalho, mas para que trabalhasse, eu precisei me qualificar indo para outra cidade, Juiz de Fora. Isto porque aqui em São João del-Rei falta um curso de orientação e mobilidade, um de informática específico para deficiente visual e várias outras coisas que poderiam acontecer para facilitar e dar mais autonomia em nossas vidas”.

O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual existe desde 1961. Ela foi criada com o intuito de combater o preconceito e a discriminação, além de buscar a garantia de direitos e a inclusão das pessoas com deficiência visual na sociedade.

Antes chamado de o “Dia do Cego”, a data mudou de nome porque a deficiência visual não se trata apenas de cegueira, mas também de baixa visão. No Brasil, segundo o Censo de 2010, havia cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual.

A comunicação com pessoas cegas se torna muito eficaz quando há conteúdos produzidos em braile. O sistema Braille de escrita e leitura foi criado há cerca de 200 anos na França. No Brasil, chegou por meio de José Álvares de Azevedo, que aprendeu a técnica ainda criança e se dedicou a disseminá-la, com apoio do Imperial Instituto de Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio de Janeiro.

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