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Professor da UFSJ, Paulo Gonella, integra equipe que descobriu uma nova espécie de bromélia

O professor da UFSJ, Campus Sete Lagoas, Paulo Gonella, integra a equipe que, recentemente, descobriu uma nova espécie de bromélia na Serra do Padre Ângelo, em Conselheiro Pena, município do Leste mineiro. O projeto Ecossistemas Rupícolas da Mata Atlântica, desenvolvido pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica, em uma das suas expedições científicas, descobriu uma nova espécie de bromélia, como explica Paulo Gonella.

“Numa dessas expedições nós identificamos essa bromélia que a princípio, ela foi encontrada sem flores, por um guia local Júlio César, que viu essa planta, achou ela diferente de todas as que ele já tinha visto na região e mostrou essa planta para a gente. Como ela ainda estava sem flor e nós vimos que ela de fato era algo único e diferente do que a gente já tinha encontrado, nós levamos essa planta para cultivar o Instituto Nacional da Mata Atlântica. Quando ela floresceu aí que veio a surpresa, essa planta que a princípio a gente esperava que pertencesse a um grupo de Bromélias caracterizado por possui flores pouco chamativas que abrem a noite e um grupo de bromélias que é polinizado por morcegos, o contrário disso, essa bromélia apresentava flores bastante chamativas, cores vibrantes características típica de flores polinizadas por beija-flores”.

As características da bromélia chama atenção, que encanta pelas cores, formas e pelo local onde foi encontrada, há mais de 1.500 metros de altitude em relação ao nível do nível do mar, um lugar repleto de raridades, por isso a necessidade de preservação e proteção.

“Essa bromélia além de ter as flores bem chamativas, com as pétalas amarelas e as brácteas, que são estruturas externas das flores, vermelhas atraem bastante atenção pelo visual. Ela também tem as folhas com uma aparência meio arroxeada, então deixam essa planta bastante interessante atraente ao nosso olhar, ela tem potencial ornamental bastante grande. Ela vice sobre rochas, uma planta que a gente chama de rubícula, ela cresce diretamente sobre as rochas e nesse ambiente ela encontra vários desafios sobrevivência, como a flutuação muito intensa de temperatura ao longo do dia e também a disponibilidade de água que mais restrita.”

A descoberta não termina por si só, os próximos passos, como ressalta a importância não só da preservação das espécies botânicas, mas como a Serra do Padre Ângelo em geral.

“Os próximos passos são buscar medidas para proteção dela e das outras espécies únicas que a gente só encontra nessa região. Ao longo dos últimos anos nós descrevemos várias outras espécies de plantas que só existem nesse local, na Serra do Padre Ângelo e essa descoberta ela vem reforçar a necessidade de proteção desse lugar, que não é só o habitat e o único local onde essas espécies existem, mas é também fonte de vários recursos que nós mesmo utilizamos, a Serra do Padre Ângelo por exemplo, abastece com água um município que fica à beira do rio doce.”

Paulo Gonella ressalta ainda a importância dessa descoberta.

“Do ponto de vista da botânica, essa descoberta é muito intrigante porque ela traz questões evolutivas interessantes sobre a evolução desse grupo de Bromélias. Afinal de contas, quem veio primeiro a polinização por morcegos ou a polinização por beija-flores? Como essa mudança ao longo da evolução aconteceu? A gente pode usar o DNA dessa planta comparar com outras espécies parecidas para tentar entender como deve ter acontecido esse processo evolutivo. Além disso, como essa espécie surgiu nesse local? E por fim, eu acho que mais importante, a gente precisa conhecer a biodiversidade para que a gente possa protege-la de forma efetiva.”

A descoberta revela a importância dos estudos básicos sobre a biodiversidade nesses lugares e principalmente a preservação, uma vez que a Serra do Padre Ângelo, é santuário de espécies raras e também como fonte de água para municípios próximos.

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