Embora muitos acreditem que depois dos 60 a vida seja lenta e sem graça, quem já chegou lá garante que é apenas o início de uma fase de redescobertas e busca por novos talentos. Hoje, primeiro de outubro, é o Dia Nacional do Idoso. A data celebra os legados especiais da terceira idade e reforça os direitos da pessoa idosa.
De acordo com o Estatuto do Idoso, é dever de toda a sociedade e do poder público garantir que nenhuma pessoa acima dos 60 anos sofra qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.
A lei é clara, mas nem sempre é cumprida. Dados da Central Judicial do Idoso (CJI) apontam que, em 2020, as denúncias de violência contra idosos cresceram 53%, somando mais de 77 mil registros. E só no primeiro semestre deste ano, o Disque 100 já acumula mais de 33 mil 600 denúncias.
O médico e deputado federal Frederico Escaleira, atual presidente da Comissão do Idoso na Câmara dos Deputados, disse em entrevista à Rádio Emboabas, que os números são ainda mais expressivos. Grande parte dos atos violentos são praticados pela própria família. E para protegê-la, é comum o idoso não denunciar. E não são apenas agressões físicas.
“Temos também o abuso emocional, quando a pessoa de fato ameaça o idoso. Isso, infelizmente, é muito comum. Muitas famílias vivem com o apoio importantíssimo da aposentadoria do idoso, mas, para eles, o idoso não tem nenhum valor. E acaba o maltratando e criticando. É triste ouvir que o idoso não faz nada, quando na verdade é ele o grande sustento da família. Com isso, entra o abuso financeiro, não só pelos familiares e conhecidos, mas também pelas instituições financeiras. Essa é uma questão que nos incomoda muito. A pessoa acaba de aposentar e já tem um monte de gente ligando”, ressalta.
Uma das formas de violência mais dolorosas e prejudiciais à saúde do idoso é o abandono. Quem deveria estar presente acompanhando as suas necessidades, na verdade, é ausência. “O cuidado deve ser com um todo. Tem família que não se preocupa em marcar as consultas médicas do idoso, de levá-lo para fazer os atendimentos, ou quando está passando mal, não é capaz de leva-lo para uma Unidade de Pronto Atendimento. Isso é maltrato como um todo. É triste, mas a gente precisa ser realista. Na hora de pegar o contracheque do idoso está lá alguém da família, que consegue uma senha para pegar direitinho. Mas na hora de cuidar, não tem esse reconhecimento”, alerta.
O único caminho de fuga desta realidade obscura é denunciar. Não importa a circunstância ou a forma de violência. Os telefones disponíveis são o Disque 100, do Governo Federal; Disque Denúncia 181, do Governo de Minas; e o 190 da Polícia Militar, para urgências.