A internet hoje, em questão de segundos, permite ter acesso a um mundo inimaginável; deslumbrante, que abraça desde o entretenimento até recursos profissionais. Um avanço e tanto para a sociedade. Mas, como quase tudo tem seus dois lados, as redes também podem ser assombrosas. Nos últimos anos, se tornaram um dos lugares preferidos de assediadores de menores.
Dados da Polícia Civil de Minas Gerais apontam que, de janeiro a abril deste ano, quase 20 crianças e adolescentes foram vítimas de crimes sexuais por dia. Problema agravado pelo isolamento social imposto pela pandemia, uma vez que os menores ficaram ainda mais expostos às tecnologias.
O promotor de justiça do estado, Casé Fortes, explica que um simples bate-papo em chats ou redes sociais pode terminar em estupro virtual, pornografia infanto-juvenil ou assédio. A chave para que isso não aconteça é orientar e monitorar o que os filhos acessam em seus celulares. “Esse instrumento está aí para usar, acho que as crianças devem usar a internet, mas devem ser acompanhadas de perto. E devem ser educadas para isso. Eu costumo dizer que não deve ter senha para pai e mãe. Os pais precisam fiscalizar de perto os aparelhos de seus filhos menores de idade. É uma questão legal, é o poder familiar que os pais exercem. Que embora se chame poder familiar, deveria se chamar poder”.
O caminho trilhado pelos criminosos já é conhecido. Primeiro, avaliam a criança ou adolescente; observam idade, receptividade e se é acompanhada por algum adulto. Se tudo se enquadrar em um perfil vulnerável, abrem as investidas. “Ele começa com uma conversa educada, falando de valores, de coisas bonitas, religião, dentre outros assuntos. E a partir daí, ele vai fixando essa relação que vai avançado aos poucos e chegando a assuntos relacionados a sexo. De amizade vai para sexo, por exemplo. Até que chegar ao momento de falar isso abertamente, com piadinhas também. Muitas vezes a pornografia infantil é usada nesse momento, ou seja, ele envia aquele material para mostrar para uma criança. Usando a desculpa que o menor pode fazer já que outras crianças fazem. Usando até pornografia infantil simulada para o convencimento das vítimas”.
E quando menos se espera, o menor está mergulhado em uma armadilha perigosa. O promotor relata que muitas vezes o abuso sai das telas. É comum criminosos convencerem as vítimas a aceitarem um encontro presencial. Quem passa por uma situação como essa deve denunciar de imediato, como reforça a delegada da Polícia Civil de Minas, Renata Riberio. “Junte todas essas conversas, esses prints para comparecer até uma unidade policial. Caso na sua cidade tenha uma unidade da Polícia Militar ou do Conselho Tutelar, procure essas instituição. É importante denunciar, porque muitas vezes não é só o seu filho que está sendo vítima daquela situação. Mas outras crianças também estão sendo aliciadas. Quando a gente descobre uma situação dessas, constatamos que têm muitas crianças. Muitas vezes, menores do Brasil inteiro sendo aliciadas e submetidas aquela situação”.
Para receber outras orientações sobre como proceder nesses casos, ligue para o 190 ou 181.