Foi em dezembro de 2020 que Priscila Sandim passou por esse terrível pesadelo. Moradora de São João del-Rei, Priscila ficou internada na Santa Casa de Misericórdia para fazer o tratamento contra a Covid-19.
Conversamos com a Priscila por telefone e ela nos relatou trechos da caminhada até vencer a batalha contra o vírus. Foi um momento de muita apreensão e surpresa ao descobrir a presença do vírus e a necessidade de ser entubada às pressas. “Eu recebi a notícia e já estava muito grave, eu demorei muito para procurar ajuda. Então, quando eles me falaram que eu estava positivada, eu já estava sendo encaminhada para a UTI, com 70% do pulmão tomado. Aqui na minha casa, só eu peguei. A minha cunhada pegou de mim, mas foram sintomas leves, assim como a prima do meu esposo também pegou de mim.”
Outra grande angústia da paciente, era acompanhar toda a rotina de UTI, inclusive a de outros pacientes. “Eu fiquei lá 13 dias, fiquei 1 dia na UPA e já fui encaminhada para a Santa Casa. Eu não desejo para ninguém passar o que eu passei. Eu tive parada cardíaca, eu tive trombose, eu tive embolia pulmonar e fiquei entubada. É muito difícil. Ver tudo que acontece ali dentro, é muito triste. Ver as pessoas morrendo e você não conseguir fazer nada, ver os corpos sendo arrumados, a família despedindo por telefone. É muito triste tudo aquilo ali.”
Priscila Sandim tem 35 anos, é mãe de dois, uma menina e um menino. Ela conta que foi dos filhos que tirou a força necessária para enfrentar todas as dificuldades no tratamento. “O que me deu mais forças foram os meus filhos, porque eu lutava por causa deles. O meu caso foi diferente, porque mesmo entubada, eu escutava tudo que eles falavam. Eu fiquei super consciente, mesmo sedada. Eles não tinham como saber que eu estava escutando. Eles só foram saber quando eu acordei e contei tudo que eu escutava. Eu contei para eles quantos choques eu levei para voltar. Eu contei para eles o que eles falavam comigo quando eu estava sedada. Eu contei tudo para eles depois.”
Priscila conta que o acompanhamento segue para a sua recuperação completa. A mulher também relata que os cuidados, dentro e fora de casa, seguem mesmo após vencer o vírus. Ela aproveitou a oportunidade e reforçou os perigos de se contrair a covid-19. “Esse momento em que eles falaram que eu estava curada e podia voltar para casa, foi o mais feliz. Eu falei que eu ia contar sobre a experiência para que todos tenham ciência do que é a Covid, para nunca ninguém precisar entrar em uma UTI. Mesmo depois que eu sai da Santa Casa, eu tenho que ir ao médico todo mês. As dores não passaram ainda, mesmo fazendo quase 5 meses que eu sai. Eu tenho muita tremedeira, muita tonteira e tenho que fazer os exames todo mês. Eu digo para as pessoas, previnam-se, não aglomerem, a Covid não é brincadeira. Eu não fiquei com sequelas graves, mas eu fiquei com sequelas.”
Durante a entrevista, Priscila Sandim também agradeceu a todos pelas orações e torcida por sua recuperação, assim como a dedicação dos profissionais de saúde.
Prevenção é a principal medida de combate à Covid-19. Por isso, é preciso usar máscara de proteção, manter os cuidados básicos de higiene e evitar aglomerações.
