Para milhões de brasileiros, os vencimentos de fevereiro estão sendo causa de muita aflição. Um dos motivos? O fim do auxílio emergencial fornecido pelo governo federal.
O impacto local gerado pelo fim desse benefício também é grande. De acordo com dados levantados pelo NEPE, Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Economia da Universidade Federal de São João del-Rei, o auxílio foi concedido a cerca de 28,9% da população do município, ou seja, 26.021 residentes. Para entender melhor a importância que esse benefício teve na cidade histórica, conversamos com o economista professor da UFSJ, Douglas Ferreira.
“Primeiro é importante a gente destacar que essa é uma economia com forte participação no setor de comércio e serviços. Ou seja, cerca de 80% de toda riqueza gerada no município, vem desses setores, segundo dados do IBGE para o ano de 2017. Além disso, os setores de comércio e serviços são responsáveis pelo emprego da maior parcela dos trabalhadores com carteira assinada na cidade. Cerca de 75% dos trabalhadores formais estavam empregados nessas atividades em 2019, que é o último dado que nós temos.”
Ainda de acordo com o economista, o cenário em que o auxílio emergencial chega ao fim, é muito preocupante para a maioria das famílias beneficiadas, assim como para o comércio local.
“O fim do auxílio emergencial ocorre em um momento de alta nos preços, principalmente dos alimentos, de aumento das medidas de isolamento social em função do também aumento significativo de casos e mortes, com várias cidades regredindo nas classificações, inclusive São João del-Rei, além do desemprego continuar em níveis elevados. Então, é nesse ambiente que ocorre o fim do auxílio emergencial. A soma de todos esses fatores, gera uma situação extremamente preocupante e crítica para as famílias mais necessitadas, que são aquelas de baixa renda. Uma vez que com o fim do auxílio emergencial, milhares dessas famílias, poderão estar de volta a uma situação de pobreza. Então, sobretudo neste momento, políticas públicas deveriam ser adotadas, de maneira a mitigar algum desses efeitos e fornecer um bem estar mínimo para a população.”
Com relação aos setores que foram e seguem sendo os mais afetados durante a pandemia, Douglas completou.
“Comércio e serviço é o que mais emprega e mais foi afetado. Como ele é o que mais emprega, muita gente perdeu o emprego nesses dois setores. Então, o auxílio emergencial é muito importante. A gente tem ai a cesta básica com o valor cada vez mais alto no município, tivemos cerca de 26% de aumento ano passado. Então, o cenário é esse, de desemprego, de aumento nos preços, ainda a população perdendo essa renda emergencial. Então o cenário é muito crítico, não só em São João del-Rei, mas em todo o Brasil.”
A lei do auxílio emergencial foi publicada em 2 de abril de 2020. Ela afirmava que o benefício duraria apenas três meses. Contudo, em 1º de setembro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro de 2020, com quatro parcelas adicionais de R$ 300.