Em janeiro de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou que o índice mundial de crianças de seis a 12 anos de idade diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% na última década. Apesar de parecer pouco provável, a depressão pode ocorrer na infância e na adolescência. Muitas vezes a doença, nessas fases, é subestimada e os sintomas são negligenciados pelos adultos. As ações e atitudes são encaradas como “manha” ou “frescura”. A psicóloga Marina Freitas fala sobre a doença nessa faixa etária.
“A infância e a adolescência são fases de constituição do sujeito. Então, as manifestações devem tomadas com maior cuidado e cautela. A depressão aparece como uma resposta subjetiva a algum ponto que está insuportável. Então, pensando na infância, nas crianças e nos adolescentes, mais frequente que a tristeza é a irritabilidade, o mau-humor e a falta de prazer com as atividades habituais como brincar, sair com os amigos, jogar vídeo game e ver TV.”
A profissional ainda destaca que mudanças de apetite e do sono também podem ser sintomas da doença. Marina destaca a importância do tratamento logo no início da doença.
“É importante a gente identificar e tratar a depressão no início, pensando nesta fase de infância e adolescência, para que não evolua para situações mais graves. O tratamento também acaba sendo mais rápido e mais efetivo. É muito importante observar se é algo mais sério de fato, ou, se são apenas alguns dias que as crianças ou os adolescentes estão mais indispostos. Porque, às vezes, a gente tem a tendência de patologizar e a medicar rapidamente, e eles passam a carregar um rótulo por uma vida toda, por questões que eram pontuais.”
A psicóloga também explica que não necessariamente a criança e adolescente com depressão se torna um adulto depressivo. Existem medicamentos e dosagens específicas para cada faixa etária. Além disso, nem sempre a depressão infantil vai ser tratada com remédios: quadros mais leves ou moderados podem ser contidos apenas com psicoterapia.
“Tratando de forma adequada, pode ser que não. Quando a gente fala em depressão, de uma forma geral, a gente não costuma falar de cura, mas sim de tratamento. Sendo tratados através da combinação de acompanhamento psicológico e medicação, sendo tratado no princípio, as chances de novas crises diminuem.”
Além de matérias nas edições do Jornal Emboabas, a Rádio Emboabas está realizando uma série de podcasts sobre o assunto. A depressão em crianças e adolescentes é o segundo dos quatro episódios que vão ar semanalmente as quartas às 22h30 com reprise no domingo às 18h. Também é possível acessar o conteúdo em nosso site na área de podcasts: emboabas.com.