Funcionários da ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos decretaram oficialmente o fim da greve nesta quarta-feira, 23 de setembro. A paralisação de mais de 100 mil trabalhadores durou 35 dias. A categoria reivindicou o fechamento de um novo acordo trabalhista, um vez que o contrato anual estava vencido desde o final de julho. Questionaram também que a proposta dos Correios retirava mais de 70 cláusulas que tratam dos direitos trabalhistas. Apesar da retomada, Reginaldo Souza, diretor de formação de relações políticas do Sintec – Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Zona da Mata e Campo das Vertentes, alega que a categoria não aprovou a decisão do TST – Tribunal de Justiça do Trabalho e que saíram prejudicados.
“Nós perdemos! O tribunal que julgou o nosso dissídio foi muito burguês, muito capitalista. Retirou todas as conquistas que há décadas a gente havia conquistado em acordos coletivos e, nesse julgamento, foi retirado. Nossa pauta tinha 79 cláusulas. À princípio, a empresa retirou 70. Conseguimos manter 20, mais as nove que a empresa ofereceu, então foram 29. Então, nós perdemos 50 cláusulas, e as que ficaram não nos contemplam em nada.”
Disse ainda que o documento concede aumento de 2,6% na remuneração. Mas que se somadas as perdas ocorridas com o passar do tempo, esse percentual é ilusório. Que, na realidade, houve um encolhimento de 60% do salário. Como o processo já foi finalizado na justiça, não tiveram escolha; voltaram a trabalhar.
“Uma vez que quando o tribunal bate o martelo e encerra, se a gente permanece e pratica desobediência, a gente fica sujeito a faltas injustificáveis, processo administrativo e demissão sumária por justa causa. Por isso nós retornamos, nós fomos obrigados a retornar.”
A maior preocupação agora é com a pandemia. No início da greve, os funcionários relataram que a empresa não fornecia, em quantidade suficiente, equipamentos de proteção individual contra a Covid-19. Reginaldo afirma que a situação não mudou.
“A empresa não cumpre os protocolos e nem atende os reclames da lei. Ela não fornece os kit’s conforme manda a OMS, nem o Ministério da Saúde e nem a Secretaria Municipal de Saúde. Ela disponibiliza o material que ela quer e ainda proíbe a gente de usar o que a gente tem. Por exemplo, a gente tem uma máscara com a logomarca do sindicado e ela não permite usar por causa da logomarca. Uma coisa que não tem nada a ver, porque eles usam até a da concorrente e a deles é permitida.”
Em nota, os Correios reforçam que, desde julho, buscaram negociar os termos do acordo coletivo de trabalho 2020/2021 para fortalecer as finanças da empresa. Que segue executando o plano de continuidade do negócio, com a realização de mutirões de entrega, a fim de reduzir os efeitos da paralisação.