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Profissionais da beleza lutam para vencer os efeitos da pandemia

A missão vai muito além de oferecer um corte de cabelo ou reparo das unhas. Os salões de beleza proporcionam a transformação visual e o levante da autoestima. Por mais de quatro meses, eles estiveram fechados por causa da pandemia. E os impactos foram praticamente irreparáveis. Só para se ter uma ideia, os salões são considerados um dos elos mais importantes para o setor de serviços, que representa 70% do PIB brasileiro. Segundo um levantamento realizado pela Beauty Fair, durante o período de isolamento, a média de atendimento semanal para os cabeleireiros caiu cerca de um terço. Karina Morais trabalha há mais de 20 anos na área em São João del-Rei. Ela tem enfrentado na pele essa reviravolta. Mesmo buscando alternativas para chegar a clientela, os efeitos negativos foram inevitáveis.

“No início da pandemia, ficamos em casa. Aos poucos, os clientes foram solicitando os nossos serviços e fomos atendendo a domicílio. Mas isso não representava nem 10% do nosso movimento no salão.”

No início de agosto, o governo do estado reformulou o programa Minas Consciente e liberou o funcionamento dos salões de beleza. Foi um sinal de esperança e alívio para os cabeleireiros. Só que para mais da metade dos profissionais do ramo, o volume de clientes está entre 25 e 49%, se comparado com antes da quarentena. E a Karina confirma as estatísticas.

“Com a flexibilização do comércio, nosso movimento não voltou nem 50%. Por vários motivos, insegurança, a parte financeira foi afetada e a maioria são idosos.”

Atuar como um profissional da beleza exige dedicação, investimento e visão criativa. Não é por acaso que muitos se formalizam como microempreendedores individuais para cuidar do negócio, que se torna a principal fonte de renda. Com a paralisação da rotina, ainda de acordo com a Beauty Fair, 84% dos cabeleireiros tiveram que solicitar o auxílio emergencial. Sem dúvidas, o financeiro foi abalado. Mas não somente essa questão. O social também.

“O salão era a principal fonte de renda. Não só isso fez diferença, mas também o convívio social com as clientes, acima de tudo, porque muitas clientes viram amigas. Então, tudo isso fez muita falta durante o isolamento.”

Embora o cenário ainda seja de incertezas, a expectativa dos economistas é que, aos poucos, tudo se normalize. Inclusive, a geração de empregos. O setor de serviços em Minas Gerais, segundo dados do Caged, seguiu negativo em julho. Fechou 169 vagas de emprego. Porém, o resultado foi mais favorável frente aos meses anteriores.

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