Os primeiros cuidados que um bebê recebe logo depois de chegar ao mundo são decisivos para a sua saúde no futuro. Olhar especial para o aleitamento materno, considerado mais do que imprescindível. Tanto que nasceu uma campanha de conscientização. É o “Agosto Dourado”. Dourado se refere ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Este deve ser o alimento exclusivo do pequenino nos seus seis primeiros meses de vida. E complemento até os dois anos ou mais. Quem explica o motivo é a médica pediatra, Márcia Reimol, professora do curso de medicina da UFSJ e atuante na UTI Neonatal da Santa Casa de São João del-Rei.
“A organização Mundial de Saúde reforça muito isso, porque a manutenção do aleitamento materno, por um tempo maior, é uma das medidas que tem grande impacto sobre a redução da mortalidade infantil. E da redução do adoecimento de doenças como infecções respiratórias e diarreias. As infecções respiratórias e diarreias são umas das principais causas de mortalidade infantil no mundo inteiro, na 1° infância.”
Quando a mamãe segura seu filho no colo pela primeira vez, é comum aparecerem dúvidas sobre a amamentação. Os questionamentos ficaram ainda mais intensos agora durante a pandemia. É importante esclarecer que mães infectadas pela Covid-19 podem e devem continuar com o aleitamento. Estudos indicam que pequenos fragmentos do novo vírus foram detectados no leite. Só que a quantidade é tão pequena que não oferece risco de transmissão ao neném. Mas outros cuidados são fundamentais. Isso para que nenhuma partícula da saliva ou emitida pela respiração atinja o pequeno. “Lavar as mãos com frequência, lavar bem as mãos antes da amamentação, ter o cuidado que esteja com a roupa limpa, uma roupa adequada. A mama deve estar limpa. Se ela espirrou, coçou os olhos ou o nariz, não pode colocar a mão na mama. Lave a mão antes, use máscara. Então, se a mãe estiver com as mãos higienizadas, com o uso de máscaras, ela pode e deve alimentar o seu bebê.”
Solidariedade também é discussão do “Agosto Dourado”. A doação de leite materno é tão nobre quanto a de sangue. Uma única coleta pode beneficiar cerca de 8 ou 10 recém-nascidos. E a mulher que doa não precisa se preocupar, pois não vai faltar leite para o seu filho. Pelo contrário.
“Se eu retirar o leite, eu vou dar o leite lá para a Santa Casa, mas o meu filho vai ficar sem leite? Não fica! A produção ela aumenta com o estímulo. Quanto mais estimula, mais produz leite. Então, quando a mãe está amamentando seu filho e consegue ter uma produção adequada e doa esse leite, ela vai ajudar a aumentar a produção para o seu próprio filho e além disso, vai ajudar os prematuros.”
Em São João del-Rei a agência de coleta é na Santa Casa da Misericórdia. Mas o procedimento é todo feito em casa. É preciso ir a unidade de saúde apenas para manifestar interesse e entregar alguns documentos, como: exames do pré-natal dos últimos seis meses e a caderneta do neonatal. A Santa Casa disponibiliza um quadro completo de profissionais que vão orientar e auxiliar as mamães. O telefone da UTI Neonatal é o 3379-2033. Os atendimentos acontecem pela manhã.